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domingo, 23 de novembro de 2008

CENTENÁRIO DE ETELVINO LINS: UM DOS MAIS INFLUENTES POLÍTICOS DE PERNAMBUCO E DO BRASIL.




Salvo Agamenon Magalhães e Marco Maciel, nenhum outro pernambucano foi tão influente no Estado e no Brasil como Etelvino Lins de Albuquerque.No dia 20 de novembro de 1908, nasceu Etelvino Lins de Albuquerque, em Alagoa de Baixo, hoje município de Sertânia, no estado de Pernambuco, filho de Ulisses Lins de Albuquerque e Rosa Bezerra Lins de Albuquerque, seu pai foi deputado constituinte (1946) e membro da Acadamia Pernambucana de Letras. Entre os seus livros mais conhecidos destaca-se Moxotó Brabo, Um sertanejo e um sertão e Três Ribeiras.
No Recife, realizou os cursos preparatórios nos Colégios Oswaldo Cruz e Diocesano Pernambucano. Foi aprovado no concurso dos Correios para exercer a função de telegrafista e ali trabalhou no período de 1927 a 1929, quando ainda era aluno do curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito do Recife, concluído em 1930.
Etelvino Lins, já nessa época, revelara sua tendência política: foi líder estudantil e participou do combate ao governo de Estácio Coimbra. Após a sua formatura em Direito, deixou o trabalho nos Correios e foi exercer a função de promotor público das Comarcas de Goiana (1931-1932) e de Caruaru e, nesta última cidade, foi professor do Ginásio local.
Politicamente, o Brasil vivia um período muito agitado com a Revolução de 1930. No estado de Pernambuco, a revolução provocou mudanças políticas profundas. Getúlio Vargas, como que agradecido a Carlos de Lima Cavalcanti pelo apoio político à sua candidatura à presidência do Brasil, o nomeou para interventor federal de Pernambuco (1930-1937).
Em 1933, Etelvino Lins casou-se com D. Djanira Falcão, que o acompanhou em toda a sua vida profissional e política, e com ela teve oito filhos.
Ainda em 1933, Etelvino Lins foi nomeado para a 2ª Delegacia do Recife e, no final deste ano, passou para a Delegacia Auxiliar. Neste cargo ele contribuiu para sufocar a intentona comunista (uma rebelião político-militar promovida pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), em novembro de 1935, com o objetivo de derrubar o Presidente Getúlio Vargas e instalar um governo socialista no Brasil) que rebentara no Recife, liderada pelo Tenente Lamartine Coutinho e pelo Sargento Gregório Bezerra.
Durante a vigência do Estado Novo, exerceu as funções de Secretário Estadual de Governo, em 1937 – quando o interventor era Amaro de Azambuja Vilanova, logo substituído por Agamenon Magalhães –, e Secretário de Segurança, no período de 1937-1945.
Aliás, alguns historiadores afirmam que Agamenon Magalhães foi inspiração para muitos políticos – a exemplo de Paulo Guerra e Etelvino Lins – e também a personificação do Partido Social Democrático (PSD) articulado e criado por ele no estado de Pernambuco, apoiado por Etelvino que ficou responsável para montar o Partido e garantir as eleições.
Em 1945, Etelvino assumiu o governo do Estado por um ano (março a novembro de 1945), quando Agamenon foi nomeado para o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Neste ano, um fato marcante para a história política em Pernambuco foi a morte do estudante de Direito, Demócrito de Souza Filho, na pracinha do Diario de Pernambuco (Praça da Independência). Houve quem culpasse o interventor Etelvino pela ação violenta da polícia, mas muitos o inocentaram.
A partir de 1950, Agamenon volta ao governo de Pernambuco como sucessor de Barbosa Lima Sobrinho (1948-1951). Entretanto, passado dois anos, Agamenon faleceu e, por não existir a figura do vice-governador, o presidente da Assembléia Legislativa, Torres Galvão, assume o governo do estado. A liderança do PSD em Pernambuco passa para Etelvino Lins e a sua candidatura para a administração do estado, lançada pelo PSD, contou com o apoio dos partidos de Pernambuco – PSD-UDN-PDC-PL - , exceto do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que lançou o candidato Osório Borba. Etelvino Lins ganha as eleições em outubro de 1952 e fica no governo até 1955. Para assumir o cargo, renunciou ao seu mandato de senador que exercera no período de 1946 a 1952.
Por causa de restrições financeiras no orçamento do Estado para o ano seguinte ao início de sua gestão, Etelvino deu apenas continuidade às medidas de Agamenon Magalhães.
No período de 1955-1959, foi nomeado Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) pelo presidente Café Filho e candidatou-se à Presidência da República pela UDN, mas renunciou em favor do general Juarez Távora que concorreu com Juscelino Kubitschek.
Foi eleito deputado federal e cumpriu dois mandatos (1959-1963, 1971-1975). Deve-se a Etelvino Lins a Lei que proíbe aos candidatos doar alimentos e transportes para os eleitores com a finalidade de angariar votos.
No dia 18 de outubro de 1980, com 72 anos, morre Etelvino Lins de Albuquerque.


FONTES CONSULTADAS


ALCÂNTARA, Christiane. Paulo Guerra: frases e fases de uma trajetória política. Recife: Assembléia Legislativa, 2001. 141 p.

ETELVINO Lins. Disponível em: <http://www.pe.gov.br/governo_galeria_etelvino_lins.htm>. Acesso em: 4 jun. 2007.

ETELVINO Lins. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/sf/senadores/senadores_biografia.asp?codparl=1606&li=38&lcab=1937-1946&lf=38>. Acesso em: 4 jun. 2007.

ETELVINO Lins. Disponível em: <http://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/l/lins_etelvino.htm>. Acesso em: 4 jun. 2007.

ETELVINO Lins. Disponível em: <http://www.alepe.pe.gov.br/perfil/links/EtelvinoLins.html>. Acesso em: 4 jun. 2007.

SILVA, Jorge Fernandes da. Vidas que não morrem. Recife: Departamento de Cultura, 1982. v. 2. p. 107-110.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

CONFERÊNCIAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO NEGRA PARA A FORMAÇÃO DAS CIVILIZAÇÕES


No dia 20 de novembro, comemora-se o dia da consciência negra, que tem como personagem-mor Zumbi dos Palmares. Os Nativos da Sertão não poderiam ficar de fora desta tão importante data para a formação da sociedade brasileira (seja nas suas igualdades ou nas peculiaridades). Por essa razão, os Nativos do Sertão por iniciativa dos professores João Henrique, Júlio César e Luíz Pinheiro, realizam durante toda a semana uma série de debates, palestras e reflexões à respeito da assunto. Nesta ocasião, faremos amostra de um documentário que, será uma tentativa de levar o nosso público a tirar suas própias conclusões sobre preconceito, racismo e o papel do negro na formação da sociedade humana. Nosso objetivo não é desconstruir a História Oficial (eurocêntrica, norte-americana e branca), mas, reformular e trazer à tona as raízes e contribuições do negro, já que são 45% da população brasileira. Pois, falar no negro, é contar a História de grandes civilizações, das primeiras tecnológias e, que foram destruídas, saqueadas e estrupadas durante vários séculos pelo branco europeu, História essa que se encontra invisível e clamufada pelo nosso preconceito e racismo.

No dia 17 (segunda-feira), o documentário será exibido na escola Jorge de Menezes, a partir das 19:00h, e no dia 18 (terça-feira), a exibição acontece na escola Amaro Lafayette, às 14:00h, na sexta-feira, dia 21 na escola Pequeno Príncipe e no dia 24 (segunda-feira) na escola Olavo Bilac, na qual participaremos da abertura do II FLIS (Festival Literário do Sertão). Vale a pena conferir!

domingo, 9 de novembro de 2008

SOCIOLOGIA CRÍTICA X FUNCIONALISMO

Marx, Weber, Durkheim,
"Pais da Sociologia"
São produtos de um modelo
Calçados na mais-valia
Que enriquece uma classe
Chamada de Burguesia

Os nossos três expoentes
Da ciência social
Divergem sobre um modelo
Que seria o ideal
Pra resolver os conflitos
Em escala mundial.

Enquanto um diz que o conflito
"Tem um vigor bem fecundo"
O outro exalta a harmonia
Com um desejo profundo
De evitar as mudanças
Que estão em curso no mundo.

O atual Paradigma
Do Capital Financeiro
Abarca com seus tentáculos
O nosso planeta"inteiro"
com a fome cega do lucro
Só quer saber de "dinheiro".

Não será a estrutura
Da macroeconomia
A causa dos grandes males
Da barbárie, à carestia,
Dos sem-terra, dos sem-tetos.
Que só produz agonia?

Quem não assiste na mídia
As guerras que são mostradas?
Os conflitos nas escolas?
Os assaltos nas estradas?
Os ricos numa prisão
Nas suas própias moradas?

Quem não sabe que o machismo
É causa da violência
Do homem contra a mulher
Desde a mais tenra inocência
Neste modelo perverso
De quem não tem consciência?

Quem vai descordar da gente
Que a discriminação
De raça ou de etnia
Não passa de uma criação
Da elite dominante
Que vive da exploiração?

Quem pode negar a causa
Quem produz a exclusão,
Que joga milhões de seres
No gueto da escuridão,
Mulheres engravidadas,
Sem terra, lar e sem pão?

Quem pode aqui discordar
Que a mídia e o consumismo
São partes deste modelo
Que no afã do egoísmo
Está jogando o planeta
No mais profundo abismo?

Não é conseqüência disso:
O aquecimento global?
A crise dos Alimentos?
A inflação Mundial?
A produção predatória
Do mundo Neoliberal?

Não há ligação direta
Com aquela Ideologia
Citada anteriormente
Base de uma economia
Que causa "mais desemprego"
Para extrair mais-valia?

Regime no qual o lucro
É a base da exploração
No trabalho, na indústria,
Ou na especulação
A lógica desse modelo
Faz crescer a ambição.

É voz corrente e crescente
No seio da academia:
"As causas de todo o mal"
Que o poeta anuncia
São bastante variadas
"Não é só da economia".

Embora a economia
Não sendo unicamente
Causadora dos fenômenos
Sociais atualmente
Dentre as causas, com certeza,
Ela é a mais influente.

Por mais que seja importante
A cultura de uma nação
Os fatores biológicos,
Doutrina ou religião,
A base material
É quem dá sustentação.

Hoje o Funcionalismo
É a negação do conflito
Que tem nas lutas de classes
O resultado do atrito
Que movimenta a História
Neste modelo finito.

AUTOR: Dedé Rodrigues (Tabira-PE), parceiro dos Nativos do Sertão.