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sábado, 18 de julho de 2009

PROFESSOR: O RÉU DA EDUCAÇÃO

Profº Álvaro Góis

Estamos em mais um movimento grevista para que sejamos reconhecidos com servidores públicos que devem perceber uma remuneração digna. O professor tem uma grande responsabilidade na formação de cidadãos, incentivando, instruindo, educando alunos para a vida social, pessoal e profissional; despertando nele o espírito crítico e investigativo, sobretudo, entretanto a situação profissional do professor e estrutural da educação é lamentável.

A remuneração de um professor do ensino médio, de R$ 950,00, é quase a metade do salário de um Policial Civil e um quarto do que ganha um Delegado de Polícia. Entre o menor salário, o de professor, e o de juiz, a diferença chega a ser de até 20 vezes. Falta incluir nesse rol os funcionários administrativos dos Tribunais: de Justiça, Eleitoral e de Contas, além do Ministério Público e Fazenda, que percebem salários entre 5, 6 e até 10 vezes maior do que o Professor. A crise que atravessa a educação brasileira tem vários fatores que podemos elencar, embora muitos acreditem que a baixa qualidade do ensino está ligada à deficiência do professor.

Freqüentemente são divulgadas pesquisas de diferentes órgãos que emitem informações acerca da atuação do professor brasileiro, além disso, inúmeros informes, artigos, reportagens afirmam que a maioria dos professores não desempenha de forma eficiente o seu trabalho. No entanto, essas pesquisas não verificam os fatores que afetam a qualidade do trabalho do professor. Esse profissional, em geral, vive cansado diante de tantas atividades que a função requer; o excesso de tarefas ligadas à função de professor causa um esgotamento físico e intelectual. Comportamento resultante do sistema de ensino extremamente burocrático adotado no país, em especial no Estado de Pernambuco, aonde as cadernetas (com 171 páginas), chegaram ao final de maio, passados 03 meses de aula.

Quais as causas desse fraco desempenho?

O professor brasileiro é cercado de um arsenal de burocracias, como: diários, planos de aula, fichas avaliativas, formulários, entre outros. Incluindo ainda a imensa quantidade de trabalho que o professor leva para casa, tais como: plano de aula, elaboração de atividades, provas, trabalhos, correções, testes, projetos etc. Esses não são os únicos agravantes, o professor tem que enfrentar o problema da indisciplina escolar difundida na maioria das escolas brasileiras, como excesso de conversa, bagunça e o uso indevido de aparelhos eletrônicos que invadiram as escolas, isso aliado ao baixo salário, em especial o nosso Estado, que tem praticado, em vários Governos, uma política de bonificação para tentar abrandar a necessidade urgente de uma política de valorização para aqueles que representam a classe do magistério.

Somado a tudo o que foi citado acima, o professor ainda se submete aos vários tipos de violências ocorridas na sala de aula, dentre as principais estão: violência verbal ou assédio moral (palavras ofensivas direcionadas ao professor no momento do intervalo), violência moral (diferenciações entre níveis de ensino e professores). Além de pressões exercidas por parte das gerências regionais e/ou programas por melhorias de notas e indicadores, além das perseguições e fiscalizações. Enfim, esses são alguns dos motivos que levam o professor a entrar em tal condição. O conjunto de situações apresentadas exerce grande influência na qualidade de vida e no trabalho do docente.

Comumente, milhares de professores entram em depressão ou sofrem de doenças ligadas ao estresse. Em suma, a deficiência do professor existe, porém é preciso verificar o que provoca as limitações profissionais dos mesmos.

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