O excelente texto abaixo foi cordialmente enviado por Duci Medeiros a quem expressamos nossos agradecimentos pela valiosa colaboração.
Como matar a alma de um professor
.
Caros Governadores, seguem abaixo várias dicas valiosíssimas, se vós seguirdes corretamente conseguirás, em pouquíssimo tempo, matar a alma de um professor, mas se fizerdes isto com a competência administrativa do excelentíssimo governador do rico estado de Pernambuco, matarás a alma de todos os professores do vosso estado:
Comece por pagar o pior salário de um país continental, assim ele vai se sentir cada vez menor e, além disso, divulgue que paga o piso nacional do magistério, dando a entender que o congresso nacional foi que definiu os valores pagos.
Assine os jornais locais para cada professor, assim vós matais dois coelhos com uma única facada. A mídia torna-se sua cliente e os jornalistas vão divulgar os fatos sob a sua ótica e, o mais importante os professores vão ler aquilo que Vossa Senhoria quiser. Assim a sociedade vai acreditar em tudo que vós dizeis e os professores vão desacreditar de suas realidades.
Dê laptops a cada um deles, de preferência depositando R$ 2300,00 em seus contracheques a fim de que eles paguem o Leão, assim eles vão olhar para as máquinas em vários momentos do dia: quando chegar do terceiro turno de trabalho, quando seus filhos estiverem com fome, quando eles receberem os contracheques e quando suas barrigas roncarem. Claro que eles terão que tomar uma atitude, levar para as escolas e serem assaltados, aprender a trabalhar com eles e mudar de profissão, vendê-los ou fazer uma sopa de máquina. De qualquer forma eles parecerão incompetentes e vós um visionário e benemérito.
Dê importância à construção de algumas escolas de referência, assim vós tereis exemplos de bons modelos de escola para divulgar na mídia nacional. Pagarás três vezes mais ao professores escolhidos pelo modelo QI, dividindo assim, a categoria dos professores.
Faça capacitações em hotéis luxuosos em cidades interioranas. Assim poucos professores poderão ir, pois eles trabalham em várias escolas e não poderão se ausentar. Assim vós gastareis pouco dinheiro com as capacitações e os professores ficarão angustiados e desacreditados como profissionais, pois parecerá que eles é que não investiram em suas capacitações porque não quiseram.
E para completar as dicas, use vosso poder: ameaçando, denegrindo imagem, falsificando informações, omitindo fatos e substituindo profissionais por estudantes quando eles, os professores ingratos e anarquistas, quiserem ousar fazer greve. Assim a sociedade terá vergonha dos professores; os alunos terão vergonha dos professores; os professores que trabalham em escola de referência terão vergonha dos professores; professores que só tiverem uma fonte de renda terão que furar a greve e terão vergonha de si mesmos e dos outros professores; os bravos e guerreiros que mantiverem a greve terão vergonha dos outros professores.
Com todas estas atitudes orquestradas e sintonizadas, excelentíssimos governadores obterão sucesso diante das almas dos professores que retornam as suas atividades profissionais desacreditados, desesperançados, desestimulados e com vergonha de ser professor do Estado de Pernambuco, vergonha de ser professor no Brasil, vergonha de ser...
terça-feira, 28 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
7 motivos para ser professor do Estado de PERNAMBUCO
Leia com atenção os 7 (sete) motivos para você se tornar um Professor do Estado
7 (sete) é um número de destaque, pois ele simboliza a perfeição: em sete dias Deus
fez o mundo, sete são as cores do arco-íris, mas também sete é conta de mentiroso. O 7 aqui será utilizado em relação à educação e, mais especificamente, ao professor.
Ser professor é socializar o saber, é construir, juntamente com o discente, um conhecimento que valorize o meio em que atua. Por isso, destacar-se-ão 7 motivos para incentivar, você, leitor a ingressar nessa brilhante carreira.
Leia-os com atenção e anote todos os detalhes:
1. Estude muito e leia bastante, principalmente a vida de São Francisco de Assis; lembre-se de que você também terá que fazer um voto eterno de pobreza;
2. Prepare-se para manejar certos instrumentos, com o giz e o apagador.
Para tal, orientamos o personal stylest de Michael Jackson; você precisará de luva e máscara durante as aulas;
3. Manter-se em forma não será problema para você; com o corre-corre de uma escola para outra, você estará evitando o sedentarismo; com o salário que receberá, não precisará fazer regime; e caso precise complementar a cesta básica do mês, você ainda terá o privilégio de usar o TÍCKET DE 4 REAIS;
4. O educador é o único que pode acumular cargos: além de ministrar aulas em 3 ou 4 colégios diferentes, ainda sobra tempo para ser sacoleiro, levando para as escolas os últimos lançamentos do Paraguai ou sendo importante representante de empresas como a AVON, a HERMES e a SHOPPING MAIS;
5. A formação continuada do professor é algo bastante importante e valorizada pelo governo. Com sorte, você será selecionado para ficar em um grande e luxuoso hotel
como o IAT, desfrutar de ótimas instalações e saborear um cardápio variado; tudo
isso com uma localização privilegiada e com vista para o ma...to;
6. O local de trabalho deve ser evidenciado: o educador, quase sempre, trabalha em escolas-modelo, cujo slogan é a fartura: 'farta' limpeza, 'farta' funcionário, 'farta' material didático, enfim, 'farta' tudo;
7. Por fim, você desfrutará de um plano de saúde de ótima qualidade, cuja eficiência é demonstrada nos consultórios psiquiátricos repletos de professores que, ao completarem a idade e o tempo de serviço, já se encontram fatigados pelo trabalho, sugados pelo sistema e em pleno desmoronamento físico além do mental.
Assim, depois de ler essas sete dicas, não perca a oportunidade e não desista:
vá a um posto do estado e inscreva-se no concurso do ESTADO DE PERNAMBUCO.
O estado quer lhe receber de braços abertos. O nosso lema é: 'PAGUE PARA ENTRAR,
REZE PARA SAIR'. Aos que já se encontram desfrutando desse 'néctar' que é ser funcionário da SEE/PE, nossos parabéns, você é persistente e capaz.
Possivelmente, não terá recompensa aqui na terra, mas é certo que já tenha adquirido lugar privilegiado no céu.
7 (sete) é um número de destaque, pois ele simboliza a perfeição: em sete dias Deus
fez o mundo, sete são as cores do arco-íris, mas também sete é conta de mentiroso. O 7 aqui será utilizado em relação à educação e, mais especificamente, ao professor.
Ser professor é socializar o saber, é construir, juntamente com o discente, um conhecimento que valorize o meio em que atua. Por isso, destacar-se-ão 7 motivos para incentivar, você, leitor a ingressar nessa brilhante carreira.
Leia-os com atenção e anote todos os detalhes:
1. Estude muito e leia bastante, principalmente a vida de São Francisco de Assis; lembre-se de que você também terá que fazer um voto eterno de pobreza;
2. Prepare-se para manejar certos instrumentos, com o giz e o apagador.
Para tal, orientamos o personal stylest de Michael Jackson; você precisará de luva e máscara durante as aulas;
3. Manter-se em forma não será problema para você; com o corre-corre de uma escola para outra, você estará evitando o sedentarismo; com o salário que receberá, não precisará fazer regime; e caso precise complementar a cesta básica do mês, você ainda terá o privilégio de usar o TÍCKET DE 4 REAIS;
4. O educador é o único que pode acumular cargos: além de ministrar aulas em 3 ou 4 colégios diferentes, ainda sobra tempo para ser sacoleiro, levando para as escolas os últimos lançamentos do Paraguai ou sendo importante representante de empresas como a AVON, a HERMES e a SHOPPING MAIS;
5. A formação continuada do professor é algo bastante importante e valorizada pelo governo. Com sorte, você será selecionado para ficar em um grande e luxuoso hotel
como o IAT, desfrutar de ótimas instalações e saborear um cardápio variado; tudo
isso com uma localização privilegiada e com vista para o ma...to;
6. O local de trabalho deve ser evidenciado: o educador, quase sempre, trabalha em escolas-modelo, cujo slogan é a fartura: 'farta' limpeza, 'farta' funcionário, 'farta' material didático, enfim, 'farta' tudo;
7. Por fim, você desfrutará de um plano de saúde de ótima qualidade, cuja eficiência é demonstrada nos consultórios psiquiátricos repletos de professores que, ao completarem a idade e o tempo de serviço, já se encontram fatigados pelo trabalho, sugados pelo sistema e em pleno desmoronamento físico além do mental.
Assim, depois de ler essas sete dicas, não perca a oportunidade e não desista:
vá a um posto do estado e inscreva-se no concurso do ESTADO DE PERNAMBUCO.
O estado quer lhe receber de braços abertos. O nosso lema é: 'PAGUE PARA ENTRAR,
REZE PARA SAIR'. Aos que já se encontram desfrutando desse 'néctar' que é ser funcionário da SEE/PE, nossos parabéns, você é persistente e capaz.
Possivelmente, não terá recompensa aqui na terra, mas é certo que já tenha adquirido lugar privilegiado no céu.
sábado, 18 de julho de 2009
PROFESSOR: O RÉU DA EDUCAÇÃO
Profº Álvaro Góis
Estamos em mais um movimento grevista para que sejamos reconhecidos com servidores públicos que devem perceber uma remuneração digna. O professor tem uma grande responsabilidade na formação de cidadãos, incentivando, instruindo, educando alunos para a vida social, pessoal e profissional; despertando nele o espírito crítico e investigativo, sobretudo, entretanto a situação profissional do professor e estrutural da educação é lamentável.
A remuneração de um professor do ensino médio, de R$ 950,00, é quase a metade do salário de um Policial Civil e um quarto do que ganha um Delegado de Polícia. Entre o menor salário, o de professor, e o de juiz, a diferença chega a ser de até 20 vezes. Falta incluir nesse rol os funcionários administrativos dos Tribunais: de Justiça, Eleitoral e de Contas, além do Ministério Público e Fazenda, que percebem salários entre 5, 6 e até 10 vezes maior do que o Professor. A crise que atravessa a educação brasileira tem vários fatores que podemos elencar, embora muitos acreditem que a baixa qualidade do ensino está ligada à deficiência do professor.
Freqüentemente são divulgadas pesquisas de diferentes órgãos que emitem informações acerca da atuação do professor brasileiro, além disso, inúmeros informes, artigos, reportagens afirmam que a maioria dos professores não desempenha de forma eficiente o seu trabalho. No entanto, essas pesquisas não verificam os fatores que afetam a qualidade do trabalho do professor. Esse profissional, em geral, vive cansado diante de tantas atividades que a função requer; o excesso de tarefas ligadas à função de professor causa um esgotamento físico e intelectual. Comportamento resultante do sistema de ensino extremamente burocrático adotado no país, em especial no Estado de Pernambuco, aonde as cadernetas (com 171 páginas), chegaram ao final de maio, passados 03 meses de aula.
Quais as causas desse fraco desempenho?
O professor brasileiro é cercado de um arsenal de burocracias, como: diários, planos de aula, fichas avaliativas, formulários, entre outros. Incluindo ainda a imensa quantidade de trabalho que o professor leva para casa, tais como: plano de aula, elaboração de atividades, provas, trabalhos, correções, testes, projetos etc. Esses não são os únicos agravantes, o professor tem que enfrentar o problema da indisciplina escolar difundida na maioria das escolas brasileiras, como excesso de conversa, bagunça e o uso indevido de aparelhos eletrônicos que invadiram as escolas, isso aliado ao baixo salário, em especial o nosso Estado, que tem praticado, em vários Governos, uma política de bonificação para tentar abrandar a necessidade urgente de uma política de valorização para aqueles que representam a classe do magistério.
Somado a tudo o que foi citado acima, o professor ainda se submete aos vários tipos de violências ocorridas na sala de aula, dentre as principais estão: violência verbal ou assédio moral (palavras ofensivas direcionadas ao professor no momento do intervalo), violência moral (diferenciações entre níveis de ensino e professores). Além de pressões exercidas por parte das gerências regionais e/ou programas por melhorias de notas e indicadores, além das perseguições e fiscalizações. Enfim, esses são alguns dos motivos que levam o professor a entrar em tal condição. O conjunto de situações apresentadas exerce grande influência na qualidade de vida e no trabalho do docente.
Comumente, milhares de professores entram em depressão ou sofrem de doenças ligadas ao estresse. Em suma, a deficiência do professor existe, porém é preciso verificar o que provoca as limitações profissionais dos mesmos.
Estamos em mais um movimento grevista para que sejamos reconhecidos com servidores públicos que devem perceber uma remuneração digna. O professor tem uma grande responsabilidade na formação de cidadãos, incentivando, instruindo, educando alunos para a vida social, pessoal e profissional; despertando nele o espírito crítico e investigativo, sobretudo, entretanto a situação profissional do professor e estrutural da educação é lamentável.
A remuneração de um professor do ensino médio, de R$ 950,00, é quase a metade do salário de um Policial Civil e um quarto do que ganha um Delegado de Polícia. Entre o menor salário, o de professor, e o de juiz, a diferença chega a ser de até 20 vezes. Falta incluir nesse rol os funcionários administrativos dos Tribunais: de Justiça, Eleitoral e de Contas, além do Ministério Público e Fazenda, que percebem salários entre 5, 6 e até 10 vezes maior do que o Professor. A crise que atravessa a educação brasileira tem vários fatores que podemos elencar, embora muitos acreditem que a baixa qualidade do ensino está ligada à deficiência do professor.
Freqüentemente são divulgadas pesquisas de diferentes órgãos que emitem informações acerca da atuação do professor brasileiro, além disso, inúmeros informes, artigos, reportagens afirmam que a maioria dos professores não desempenha de forma eficiente o seu trabalho. No entanto, essas pesquisas não verificam os fatores que afetam a qualidade do trabalho do professor. Esse profissional, em geral, vive cansado diante de tantas atividades que a função requer; o excesso de tarefas ligadas à função de professor causa um esgotamento físico e intelectual. Comportamento resultante do sistema de ensino extremamente burocrático adotado no país, em especial no Estado de Pernambuco, aonde as cadernetas (com 171 páginas), chegaram ao final de maio, passados 03 meses de aula.
Quais as causas desse fraco desempenho?
O professor brasileiro é cercado de um arsenal de burocracias, como: diários, planos de aula, fichas avaliativas, formulários, entre outros. Incluindo ainda a imensa quantidade de trabalho que o professor leva para casa, tais como: plano de aula, elaboração de atividades, provas, trabalhos, correções, testes, projetos etc. Esses não são os únicos agravantes, o professor tem que enfrentar o problema da indisciplina escolar difundida na maioria das escolas brasileiras, como excesso de conversa, bagunça e o uso indevido de aparelhos eletrônicos que invadiram as escolas, isso aliado ao baixo salário, em especial o nosso Estado, que tem praticado, em vários Governos, uma política de bonificação para tentar abrandar a necessidade urgente de uma política de valorização para aqueles que representam a classe do magistério.
Somado a tudo o que foi citado acima, o professor ainda se submete aos vários tipos de violências ocorridas na sala de aula, dentre as principais estão: violência verbal ou assédio moral (palavras ofensivas direcionadas ao professor no momento do intervalo), violência moral (diferenciações entre níveis de ensino e professores). Além de pressões exercidas por parte das gerências regionais e/ou programas por melhorias de notas e indicadores, além das perseguições e fiscalizações. Enfim, esses são alguns dos motivos que levam o professor a entrar em tal condição. O conjunto de situações apresentadas exerce grande influência na qualidade de vida e no trabalho do docente.
Comumente, milhares de professores entram em depressão ou sofrem de doenças ligadas ao estresse. Em suma, a deficiência do professor existe, porém é preciso verificar o que provoca as limitações profissionais dos mesmos.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Eu quero meu sertão de volta - Anselmo Alves
Nos últimos dez anos tenho viajado freqüentemente pelo sertão de Pernambuco, e assistido, não sem revolta, a um processo cruel de desconstrução da cultura sertaneja com a conivência da maioria das prefeituras e rádios do interior. Em todos os espaços de convivência, praças, bares, e na quase maioria dos shows, o que se escuta é música de péssima qualidade que, não raro, desqualifica e coisifica a mulher e embrutece o homem.
O que adianta as campanhas bem intencionadas do governo federal contra o alcoolismo e a prostituição infantil, quando a população canta “beber, cair e levantar”, ou “dinheiro na mão e calcinha no chão” ? O que adianta o governo estadual criar novas delegacias da mulher se elas próprias também cantam e rebolam ao som de letras que incitam à violência sexual? O que dizer de homens que se divertem cantando “vou soltar uma bomba no cabaré e vai ser pedaço de puta pra todo lado” ? Será que são esses trogloditas que chegam em casa, depois de beber, cair e levantar, e surram suas mulheres e abusam de suas filhas e enteadas? Por onde andam as mulheres que fizeram o movimento feminista, tão atuante nos anos 70 e 80, que não reagem contra essa onda musical grosseira e violenta? Se fazem alguma coisa, tem sido de forma muito discreta, pois leio os três jornais de maior circulação no estado todos os dias, e nada encontro que questione tamanha barbárie. E boa parte dos meios de comunicação são coniventes, pois existe muito dinheiro e interesses envolvidos na disseminação dessas músicas de baixa qualidade.
E não pensem que essa avalanche de mediocridade atinge apenas os menos favorecidos da base de nossa pirâmide social, e com menor grau de instrução escolar. Cansei de ver (e ouvir) jovens que estacionam onde bem entendem, escancaram a mala de seus carros exibindo, como pavões emplumados, seus moderníssimos equipamentos de som e vídeo na execução exageradamente alta dos cds e dvds dessas bandas que se dizem de forró eletrônico. O que fazem os promotores de justiça, juízes, delegados que não coíbem, dentro de suas áreas de atuação, esses abusos?
Quando Luiz Gonzaga e seus grandes parceiros, Humberto Teixeira e Zé Dantas criaram o forró, não imaginavam que depois de suas mortes essas bandas que hoje se multiplicam pelo Brasil praticassem um estelionato poético ao usarem o nome forró para a música que fazem. O que esses conjuntos musicais praticam não é forro! O forró é inspirado na matriz poética do sertanejo; eles se inspiram numa matriz sexual chula! O forró é uma dança alegre e sensual; eles exibem uma coreografia explicitamente sexual! O forró é um gênero musical que agrega vários ritmos como o xote, o baião, o xaxado; eles criaram uma única pancada musical que, em absoluto, não corresponde aos ritmos do forró! E se apresentam como bandas de “forró eletrônico”! Na verdade, Elba Ramalho e o próprio Gonzaga já faziam o verdadeiro forró eletrônico, de qualidade, nos anos 80.
Em contrapartida, o movimento do forró pé-de-serra deixa a desejar na produção de um forró de qualidade. Na maioria das vezes as letras são pouco criativas; tornaram-se reféns de uma mesma temática! Os arranjos executados são parecidos! Pouco se pesquisa no valioso e grande arquivo gonzaguiano. A qualidade técnica e visual da maioria dos cds e dvds também deixa a desejar, e falta uma produção mais cuidadosa para as apresentações em geral.
Da dança da garrafa de Carla Perez até os dias de hoje formou-se uma geração que se acostumou com o lixo musical! Não, meus amigos: não é conservadorismo, nem saudosismo! Mas não é possível o novo sem os alicerces do velho! Que o digam Chico Science e o Cordel do Fogo Encantado que, inspirados nas nossas matrizes musicais, criaram um novo som para o mundo! Não é possível qualidade de vida plena com mediocridade cultural, intolerância, incitamento à violência sexual e ao alcoolismo!
Mas, felizmente, há exemplos que podem ser seguidos. A Prefeitura do Recife tem conseguindo realizar um São João e outras festas de nosso calendário cultural com uma boa curadoria musical e retorno excelente de público. A Fundarpe tem demonstrado a mesma boa vontade ao priorizar projetos de qualidade e relevância cultural.
Escrevendo essas linhas, recordo minha infância em Serra Talhada , ouvindo o maestro Moacir Santos e meu querido tio Edésio em seus encontros musicais, cada um com o seu sax, em verdadeiros diálogos poéticos! Hoje são estrelas no céu do Pajeú das Flores! Eu quero o meu sertão de volta!
Eu assino embaixo!
O que adianta as campanhas bem intencionadas do governo federal contra o alcoolismo e a prostituição infantil, quando a população canta “beber, cair e levantar”, ou “dinheiro na mão e calcinha no chão” ? O que adianta o governo estadual criar novas delegacias da mulher se elas próprias também cantam e rebolam ao som de letras que incitam à violência sexual? O que dizer de homens que se divertem cantando “vou soltar uma bomba no cabaré e vai ser pedaço de puta pra todo lado” ? Será que são esses trogloditas que chegam em casa, depois de beber, cair e levantar, e surram suas mulheres e abusam de suas filhas e enteadas? Por onde andam as mulheres que fizeram o movimento feminista, tão atuante nos anos 70 e 80, que não reagem contra essa onda musical grosseira e violenta? Se fazem alguma coisa, tem sido de forma muito discreta, pois leio os três jornais de maior circulação no estado todos os dias, e nada encontro que questione tamanha barbárie. E boa parte dos meios de comunicação são coniventes, pois existe muito dinheiro e interesses envolvidos na disseminação dessas músicas de baixa qualidade.
E não pensem que essa avalanche de mediocridade atinge apenas os menos favorecidos da base de nossa pirâmide social, e com menor grau de instrução escolar. Cansei de ver (e ouvir) jovens que estacionam onde bem entendem, escancaram a mala de seus carros exibindo, como pavões emplumados, seus moderníssimos equipamentos de som e vídeo na execução exageradamente alta dos cds e dvds dessas bandas que se dizem de forró eletrônico. O que fazem os promotores de justiça, juízes, delegados que não coíbem, dentro de suas áreas de atuação, esses abusos?
Quando Luiz Gonzaga e seus grandes parceiros, Humberto Teixeira e Zé Dantas criaram o forró, não imaginavam que depois de suas mortes essas bandas que hoje se multiplicam pelo Brasil praticassem um estelionato poético ao usarem o nome forró para a música que fazem. O que esses conjuntos musicais praticam não é forro! O forró é inspirado na matriz poética do sertanejo; eles se inspiram numa matriz sexual chula! O forró é uma dança alegre e sensual; eles exibem uma coreografia explicitamente sexual! O forró é um gênero musical que agrega vários ritmos como o xote, o baião, o xaxado; eles criaram uma única pancada musical que, em absoluto, não corresponde aos ritmos do forró! E se apresentam como bandas de “forró eletrônico”! Na verdade, Elba Ramalho e o próprio Gonzaga já faziam o verdadeiro forró eletrônico, de qualidade, nos anos 80.
Em contrapartida, o movimento do forró pé-de-serra deixa a desejar na produção de um forró de qualidade. Na maioria das vezes as letras são pouco criativas; tornaram-se reféns de uma mesma temática! Os arranjos executados são parecidos! Pouco se pesquisa no valioso e grande arquivo gonzaguiano. A qualidade técnica e visual da maioria dos cds e dvds também deixa a desejar, e falta uma produção mais cuidadosa para as apresentações em geral.
Da dança da garrafa de Carla Perez até os dias de hoje formou-se uma geração que se acostumou com o lixo musical! Não, meus amigos: não é conservadorismo, nem saudosismo! Mas não é possível o novo sem os alicerces do velho! Que o digam Chico Science e o Cordel do Fogo Encantado que, inspirados nas nossas matrizes musicais, criaram um novo som para o mundo! Não é possível qualidade de vida plena com mediocridade cultural, intolerância, incitamento à violência sexual e ao alcoolismo!
Mas, felizmente, há exemplos que podem ser seguidos. A Prefeitura do Recife tem conseguindo realizar um São João e outras festas de nosso calendário cultural com uma boa curadoria musical e retorno excelente de público. A Fundarpe tem demonstrado a mesma boa vontade ao priorizar projetos de qualidade e relevância cultural.
Escrevendo essas linhas, recordo minha infância em Serra Talhada , ouvindo o maestro Moacir Santos e meu querido tio Edésio em seus encontros musicais, cada um com o seu sax, em verdadeiros diálogos poéticos! Hoje são estrelas no céu do Pajeú das Flores! Eu quero o meu sertão de volta!
Eu assino embaixo!
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